boas vindas!

Boas vindas a você que resolveu ler essas linhas. Fico feliz em saber que de alguma maneira algo do que está aqui te agradou. Este blog é despretensioso e nele você poderá fazer seus comentários - que sempre serão bem vindos - concordar ou discordar, enfim se revelar, como estou me revelando através dele. Sou mulher, paulistana, sonhadora e tranquila. Gosto muito de cãezinhos, do mar, de chuvas grandes que molham tudo de uma vez só, da natureza e de pessoas. Poesia e esoterismo - principalmente Tarô - será o tema principal desse blog. Sua companhia em cada linha que eu escrever será um alento e um carinho, que recebo com alegria e agradecimento.

sábado, 6 de novembro de 2010

HILDA HILST

O Poeta Inventa Viagem,

Retorno e Morre de Saudade

de Hilda Hilst


Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

outra bela poesia dela:


"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Hilda Hilst nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, no dia 21 de abril de 1930, filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. Com pouco tempo de vida, seus pais se separaram, o que motivou sua mudança, com a mãe, para a cidade de Santos (SP).
Hilda Hilst faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas (SP).
Grande poeta, amada por alguns , e nem tanto assim por outros, ou simplesmente não compreendida.
Poesias que falam ao coração, a alma, ao mais fundo de nós.

Como são belas as palavras dela. Quantas de nós, mulheres, já não nos sentimos exatamente assim? uma aflição, um não sei quê, de sendo água (como eu), querer ser terra. Outras de nós, talvez sejamos fogo e queiramos ser ar, ou vice-versa. E aquelas há que sendo terra, protetoras e objetivas, mando e direção, como gostariam de poder ser água, maleáveis e influenciáveis?

A primeira poesia aqui postada também faz pensar e poesia boa tem que ser assim, não é só ler e ir embora, mas ler e ficar caraminholando na cabeça as palavras, saboreando o sentido, se identificando ou se afastando. 

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